O presidente sérvio, Boris Tadic, anunciou nesta quinta-feira (25) a prisão de Ratko Mladic, o homem mais procurado da Europa, que atuou como chefe do exército da Sérvia durante a guerra da Bósnia.
“Detivemos Ratko Mladic hoje [quinta-feira] de manhã. O processo de extradição está em curso”, afirmou Tadic, aludindo à transferência do ex-comandante para ser julgado pelo tribunal de Haia. Até a prisão desta quinta, Mladic era o principal acusado de crimes de guerra foragido desde o conflito dos Bálcãs, nos anos 1990.
O general Ratko Mladic fotografado próximo a bandeira da ONU em 17 de maio de 1993 (Foto: Jerome Delay / AP)
Segundo o presidente, Mladic foi preso na Sérvia. “Isto remove um fardo pesado da Sérvia e fecha uma página infeliz da nossa história”, disse.
Comandante das forças sérvias durante a guerra da Bósnia (1992-1995), Mladic foi indiciado pela corte internacional de crimes de guerra em 1995 sob a acusação de genocídio no massacre de 8 mil muçulmanos em Srebrenica e o cerco de 43 meses a Sarajevo.
Ele foi preso no vilarejo de Lazarevo, perto da pequena cidade de Zrenjanin, no nordeste do país, a cerca de 100 quilômetros da capital Belgrado, informou um oficial de polícia.
Sobreviventes muçulmanos bósnios disseram que a notícia causa um sentimento misto.
“Estou feliz por estar vivo para testemunhar sua prisão, e ao mesmo tempo lamento muito que outras vítimas de Srebrenica não viveram para testemunhar este momento”, disse Munira Subasic, que perdeu o filho e o marido quando soldados servo-bósnios sob o comando de Mladic tomaram Srebrenica, designada na época como “área segura pela ONU”.
Autoridades informaram que o homem foi detido com documentos no nome de Milorad Komadic e que sua prisão aconteceu graças a uma denúncia anônima.
União Europeia
A demora na prisão do ex-general sob acusações de genocídio era tida como um entrave aos esforços da Sérvia para ingressar na União Europeia.
O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, disse nesta quinta, no entanto, que a prisão de Mladic é uma importante condição para a entrada da Sérvia no grupo, mas não significa sua automática adesão.
A Holanda foi um dos principais países membro da União Europeia a exigirem a prisão de Mladic antes da Sérvia ser aceita como parte do grupo.
Tribunal
A chefe das Relações Exteriores da União Europeia (UE), Catherine Ashton, elogiou a prisão do ex-general e disse que ele deveria ser enviado ao tribunal para crimes de guerra sem demora.
“Esse é um passo importante para a Sérvia e para a Justiça internacional”, disse Ashton em comunicado nesta quinta-feira.
“Esperamos que Ratko Mladic seja transferido para o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) sem demora. A total cooperação com o TPII segue sendo essencial para o caminho da Sérvia rumo a seu ingresso na UE”, afirmou.